quarta-feira, 27 de abril de 2011

Doenças Amorosas Transmissíveis

26-04-2011 19.40H

Isabel Stilwell
editorial@destak.pt

Doenças Amorosas Transmissíveis, foi assim que o Eduardo Sá lhes chamou, num dos nossos Dias do Avesso, que todos os dias a Antena 1 transmite. Fascina-me a forma como ele consegue pôr nomes a fenómenos que apenas pressinto.

Foi assim nesse dia: perguntei-lhe ‘em directo’, quase a medo, não fossem os ouvintes achar-me ‘bota de elástico’, se as pessoas que se envolviam muito depressa numa intimidade sexual, sem terem antes uma intimidade ‘real’, não corriam o risco de ir acumulando casos de insucesso amoroso. E ele acenou que sim com a cabeça, e saiu-se com essa: «Claro, correm o risco de contrair uma Doença Amorosa Transmissível, sempre que se despem por fora, antes de se despirem por dentro.»

Os sintomas da DAT, como rapidamente abreviei, porque todas as doenças importantes são conhecidas por siglas, tornam-se, mais ou menos depressa, evidentes: rupturas sucessivas, acompanhadas de amargura, desconfiança, medo de se entregarem a uma nova relação, e um sistema imunitário frágil que não suporta mesmo os mais banais ataques dos vírus que contaminam, num momento ou noutro, qualquer relação, mas que os saudáveis são capazes de debelar sem separações, nem demasiado sofrimento.

Os doentes de DAT, esses, fogem antes que os magoem mais, mas acabam sempre por sair lesados. A intimidade é uma fórmula mágica, que exige conhecimento do outro, experiências partilhadas, conflitos vividos e superados, e que permite que cada um de nós se mantenha indivíduo, com direito ao seu espaço e ao seu corpo, mesmo quando se entrega a uma relação de fundo. Dizer isto aos nossos filhos é uma obrigação.

                                                                                                      Um artigo que gostei...

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