segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Palavras da vida

Foi rumo a casa. Chegou, e para entrar no seu quarto quase precisava do pará-quedas que a mãe tantas vezes lhe referia em tom de brincadeira. Olhou para o armário cheio de frases que gosta e com as quais se identifica, para as fotos com os amigos e família mais chegada, para os objectos de vários lados do mundo e para todas as recordações que a fazem sentir viva e amada. Sente-se aliviada e ainda tem o cheiro a praia, que sabe sempre tão bem. Tantas vezes pensa que o sítio mais confortavél do mundo é aquele buraco onde já passou dias a fio, arrumando aqui, deitando fora dalí, com esta amiga, com aquele amigo, com este familiar, é um quarto com vida e que a faz sentir realmente em casa. Quando está longe é deste canto que mais sente falta, não muito quente, não muito frio, com as cores certas, as recordações no sítio. Há uma que ousa não o estar, e porquê? Ainda não descobriu o destino dela, continua alí, na corda bamba, talvez para um dia se partir ou perder entre os outros objectos esquecidos no tempo.
Liga o computador e lê uma notícia sobre redes sociais que uma amiga lhe mandou. Essa notícia diz basicamente que as redes socias do tipo facebook só fazem com que relações passadas sejam mais difíceis de esqueçer. Não é nada que não saíba, mas realmente pensa no quanto isso pode ser verdade e no quanto isso se aplica na vida dela. "Se não houvesse essa janela estreita para o mundo que me liga ao passado.", pensa ela. Mas porquê não se desliga ela dela? Porquê não evita aquele botão? Decide ligar o som no máximo e ir para a banheira, com aquela intensidade da água do chuveiro na cabeça. Está confusa, e quanto o está.

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